O Livro de Noé
Uma pessoa toma coragem e decide que começará a estudar as Escrituras.
Quando começa a ler o Antigo Testamento, se depara com uma série enorme de nomes
de pessoas e lugares dos quais não faz a mínima ideia do motivo de estarem ali.
Pensando em facilitar seu trabalho, decide pular a leitura para o Novo Testamento e
começar a leitura no Evangelho de Mateus, e, ali, para sua surpresa, encontra novamente
uma genealogia encabeçando o texto. Com certeza, percebe que há uma ideia de
continuidade, mas os motivos, os nomes e as estruturas continuam sendo um mistério. O
gênero textual parece árido, tedioso, repetitivo e, sem uma ideia de contexto para o leitor
atual, desnecessário.
O que fazer então? Enquanto estudava as Escrituras, sempre quis tirar o máximo
proveito do que um texto podia me oferecer, compreendendo-o em sua totalidade. Ao
chegar no livro de 1 Crônicas, uma vasta compilação de quase todas as genealogias
bíblicas me esperava, se estendendo por uma série de capítulos. Havia a opção de
ignorá-las ou lê-las ‘por cima’, e partir parar o material ‘realmente importante’. Mas as
recordações de tentar ler as Escrituras quando criança, e me deparar com elas tanto no
Antigo quanto no Novo Testamento, me despertaram a curiosidade por entendê-las.
Somado a isso, minha paixão pelos álbuns da família, me faziam pensar nos parentes
mais antigos, traçando uma genealogia para eles. De algum modo, a ideia da genealogia
parecia estar onipresente. De algum modo, a conexão não era apenas entre o Antigo e o
Novo Testamento, mas também entre ‘aquele mundo’ e o ‘nosso mundo’, o mundo que eu
e você pisamos. Uma estranha sensação de realidade pareceu conectar as histórias de
antepassados distantes, e aquelas pessoas que conhecemos, o chão empoeirado do
Oriente Próximo, e o carpete que pisava em minha sala quando era criança. No fim das
contas, havia apenas uma História, e uma gigantesca Árvore Genealógica, e cada ramo
delas, era apenas um pequeno capítulo de um longo livro. Do distante rei chinês ao
camponês europeu, do bilionário em sua torre envidraçada ao esfomeado desconhecido
do outro lado do mundo, do poeta que cruza os mares para descobrir novos mundos, ao
astronauta que sai de nossa Terra, das pessoas com os nomes perdidos para sempre na
Idade da Pedra, a você lendo essa sinopse nesse exato momento. No final das contas,
tudo fazia parte do mesmo mundo.
Nunca poderemos traçar a genealogia de toda a humanidade, mas a epifania
inconsciente pedia um pedaço de papel, para ver ao menos, como seria uma árvore
genealógica que juntasse toda as listas presentes na Bíblia. Assim o fiz, uma, duas, três
vezes. Na terceira, me pareceu bom. Era extenso, mas havia beleza ali. Foi-me sugerido
que era possível até escrever um livro a partir de tanto material. Desafio aceito. O desafio
era tentar entender o que significava cada um dos nomes naquela lista, do mesmo modo
que tentamos adivinhar a história por trás de cada pessoa em uma foto. Às vezes,
sabemos que não é possível saber muito, mas temos pelo menos uma imagem.
A ideia por trás desse livro foi essa. Tentar dar um sentido e ‘traduzir’ cada um dos
nomes de modo a entender o que realmente significam. Se Deus os colocou ali, foi por
um motivo, e não podemos simplesmente ignorá-lo. Através desse livro, você poderá
desmistificar aqueles trechos das Escrituras que parecem mais complicados,
principalmente para a leitura inicial. A ideia é tornar aquilo que parecia árido em algo
interessante e agradável, aquilo que parecia difícil, em algo simples.
A sua estrutura desse livro segue a seguinte lógica. Há duas grandes sessões,
uma delas que segue do início da história até o nascimento de Israel. Nela, primeiro, as
Genealogias Antediluvianas, de Adão até Noé, cobrem as primeiras histórias registradas
na Bíblia, antes que sequer houvesse escrita, na remota Pré-História. Após isso, a
Formação das Grandes Nações do Mundo Bíblico é o grande objetivo por detrás da
extensa Tábua das Nações e seus 70 nomes. A seguir, a Formação dos Povos ao Redor
de Israel é uma compilação e explicação de vários relatos genealógicos de Gênesis.
Uma segunda Sessão trata da História das Tribos de Israel, de um ponto de vista
diferente, seguindo através de suas genealogias, começando com os filhos menos
pronunciados e suas tribos, e depois seguindo até os filhos de Lia, após isso, da amada
de Jacó, Raquel.
Uma Terceira Sessão foca em três tribos específicas, e seu papel essencial para a
conexão do Antigo com o Novo Testamento. Rúben, o primogênito. Levi, e a sua
importância como a tribo sacerdotal e guia espiritual através do Antigo Testamento. E a
história da Tribo da Judá, desde os patriarcas, seguindo após isso pela Linhagem dos
Reis de Judá, e um último capítulo que trata do Período Inter Bíblico, trazendo o pano de
fundo para a Nova Aliança.
Espero que essa leitura possa ajudar a simplificar esses trechos tão difíceis, e
mostrar o quão densamente povoada de história e teologia essas partes tão ignoradas
das Escrituras é. Boa leitura!