O Cobrador
O Cobrador, publicado em 1979, era aguardado não apenas por ser o quinto livro de contos de Rubem Fonseca, já então considerado um dos mais importantes e inovadores escritores do gênero no Brasil. Era também seu primeiro livro após Feliz ano novo, de 1975, ter sido recolhido por ordem da censura, sob a alegação de ter conteúdo contrário “à moral e aos bons costumes”. A resposta veio no conto que dá título ao livro, em que Rubem Fonseca apresenta um de seus personagens mais inquietantes. Amálgama de bandido, poeta e revolucionário, o Cobrador era uma espécie de vingador não apenas da divisão de classes, mas também da violência simbólica que é o controle da palavra. A intensidade na maneira de tratar a violência não é a única característica que faz de O Cobrador um livro surpreendente. Como bem notou Boris Schnaiderman em texto de 1980 que reproduzimos nesta edição, há uma rede de referências e reflexões artísticas que demonstra como Rubem Fonseca havia alcançado uma consciência do trabalho literário que enriquecia ainda mais sua obra. União perfeita entre o trabalho de um grande narrador e de um autor ciente de toda a complexidade da escrita, O Cobrador é um dos pontos mais altos da carreira de Rubem Fonseca e um dos livros de contos mais importantes de nossa literatura.