Investigações Filosóficas
Havia uma questão tão antiga quanto a própria filosofia: o que é a linguagem? E ainda: como é possível que a linguagem espelhe o mundo, ou o nosso pensamento? O que há por trás da linguagem, e com que raízes ela consegue agarrar-se à realidade?
Wittgenstein não respondeu a nenhuma dessas questões.
Nesta obra-prima da história da filosofia, ele as substitui por outra, ao mesmo tempo mais sensata e mais profunda: como a linguagem faz parte de nossas vidas?
O que emerge daí, por percursos inusitados, é uma filosofia que luta sem descanso para descrever a condição humana de um ponto de vista estritamente humano. Sem recorrer a discursos reconfortantes, porém vazios, sobre uma suposta essência das coisas e das ideias; mas também sem recorrer aos discursos, no fundo superficiais e dogmáticos, que em tudo buscam ver apenas ciência, e nunca conseguem se dirigir a assuntos propriamente humanos. Uma filosofia capaz de fazer jus a seres tão estranhos como nós. Seres que vivem e que falam. Seres que, falando, se comunicam. Seres, finalmente, que usam essa linguagem como seu mais precioso instrumento para se situar no mundo e para agir sobre ele, alcançando as mais surpreendentes realizações.
A ideia de um progresso no campo da filosofia costuma ser rejeitada por aqueles que, com razão, a veem como um conjunto de questões imutáveis, profundamente arraigadas no espírito humano. Mas alguns pensadores e livros dão passos tão decididos na solução dessas questões que somos levados a reconsiderar essa posição inicial. Em Investigações filosóficas, somos apresentados a uma perspectiva revolucionária do que seja a filosofia e de como devem ser tratados seus problemas fundamentais. Uma vez compreendidas as ideias aqui expostas, dificilmente a filosofia poderá seguir na direção trilhada até então.
A clareza que essa nova abordagem confere às questões mais profundas que o espírito humano jamais divisou, eis o progresso que devemos à obra-prima de Ludwig Wittgenstein.