A Noite Escura da Alma
A expressão “Noite Escura” do poema de São João da Cruz se incorporou à doutrina espiritual como símbolo das experiências purgativas pelas quais os místicos devem passar até elevarem-se à perfeita união com Deus.
Inspirado no Livro dos Cantares – no qual a esposa apaixonada sai de casa em plena noite à procura do seu Amado pelas ruas e praças de uma cidade adormecida –, o poema compara o anseio espiritual por Deus ao desejo de união conjugal.
Para consumar o matrimônio místico com o seu Esposo, Cristo, ainda nesta vida, a alma precisa se desnudar do apego a si mesma e às criaturas, pois, segundo São João, “não se pode vir a esta união sem grande pureza, e essa pureza não se alcança sem grande desprendimento de todas as coisas criadas” (Noite 2, 24).